A relação entre irmãos é, provavelmente, aquela que mais irá durar ao longo da vida de uma pessoa e tem um papel fundamental no contexto familiar. Estudos demonstram que a relação fraternal influencia, de forma considerável, no desenvolvimento social e emocional das crianças. Os irmãos acabam sendo o modelo informal de comportamento e serão, no futuro, a principal ponte com o passado da família.
Entretanto, quem tem mais de um filho sabe que esta relação é repleta de desafios. Para Viviani Zumpano, neuropsicopedagoga e parceira da NeuroKinder, é uma relação íntima que se traduz em oportunidades de apoio emocional e trocas de experiências únicas. Mas, apesar de todos os benefícios, os pais podem enfrentar dificuldades para gerenciar a rivalidade presente entre os irmãos.
Disputa pela atenção
Embora os pais queiram acreditar que o amor entre irmãos é incondicional, o fato é que a competição e os sentimentos ambíguos sempre estarão presentes. “A relação fraternal na primeira infância é marcada pela disputa do amor e da atenção dos pais, como também pelo desenvolvimento da própria personalidade. Por isso, é importante que os pais adotem estratégias para não potencializar essa competição e para assegurar que a criança desenvolva todos os seus potenciais”, diz Viviani.
O primeiro passo é respeitar as características individuais. “Cada ser humano é único e tem seu próprio jeito de ser e de vivenciar suas emoções. Os pais devem incentivar a individualidade e respeitar as diferenças. Jamais fazer comparações entre os irmãos, ou ainda desmerecer a falta de habilidade em certas áreas. Um exemplo: se um filho é ótimo no futebol e o outro não, não se deve ressaltar isso. Pelo contrário, deve-se assegurar que todos tenham suas qualidades elogiadas”, explica a neuropsicopedagoga.
Pais devem mediar conflitos, mas não resolvê-los
Outro ponto importante é sobre a gestão dos conflitos. As disputas são importantes para ensinar a lidar com sentimentos de perdas, ganhos, aprender limites, dar oportunidades de superação, etc. “As crianças têm seu próprio jeito de encontrar a solução para os problemas que surgem. É um erro achar que os pais devem interferir. Pelo contrário, eles devem agir como mediadores e somente quando for preciso. Isso porque deixar as crianças encontrarem estratégias para administrar os conflitos irá promover maior senso de compreensão de como as interações sociais funcionam e isso na adolescência e na vida adulta será muito útil” comenta Viviani.
Quando o assunto é atenção, carinho e disciplina é preciso que os pais procurem tratar os filhos de forma igual. “Aqui vale o bom senso e a boa vontade, ou seja, o que vale para um irmão deve valer para o outro também. Isso contribui para reduzir os conflitos e aumentar a percepção de justiça”, diz a neuropsicopedagoga.
O vínculo criado entre os irmãos é importante, pois pode desempenhar papéis de suporte na família, como em casos de separação dos pais, doença e outros problemas que afetam o equilíbrio familiar. Por isso, como diz a música “Filtro Solar” – “Seja legal com seus irmãos. Eles são a melhor ponte com o seu passado e possivelmente quem vai sempre mesmo te apoiar no futuro”, conclui Viviani.