O Dia das Crianças está chegando e os pais ficam preocupados em comprar presentes, muitas vezes mesmo sem poder gastar. Na sociedade em que vivemos, em que o consumo é tão valorizado, perde-se aquilo que realmente importa: a presença e as lembranças afetivas da infância.
Segundo a neuropediatra, Dra. Karina Weinmann, as crianças de hoje em dia têm uma diversidade enorme de brinquedos, porém não sabem brincar. “A brincadeira é essencial para o desenvolvimento infantil. É por meio do lúdico que a criança aprende, experimenta o mundo, cria conexões com outras pessoas para treinar suas habilidades sociais, ganha autonomia e organiza as emoções, sem contar os benefícios para a parte motora, linguagem e cognição”, explica.
Entretanto, para a neuropediatra, a oferta excessiva de brinquedos pode interferir nesse processo. “Costumo recomendar que os pais deem um brinquedo por vez e que brinquem junto com a criança, especialmente nos primeiros anos de vida. O brinquedo, embora contribua, não é essencial. Já a presença e a interação dos pais são fundamentais para o desenvolvimento infantil”, afirma.
Menos eletrônicos, mais interação
Outra mudança das gerações anteriores para as gerações atuais é que os eletrônicos acabam ocupando um espaço muito maior na rotina da criança. “Videogame, celular, tablet e televisão têm um impacto negativo enorme no desenvolvimento. Claro que não é possível eliminar por completo, porém é preciso saber dosar, tudo com bom senso e boa vontade”, comenta Dra. Karina.
Para a neuropediatra, os eletrônicos são feitos para a criança “brincar sozinha”. “Há os sons, cores, enfim, vários estímulos que deixam a criança mais agitada e reduzem as oportunidades de usar a imaginação, parte crucial no desenvolvimento. Outro ponto é que se a criança fica sozinha no eletrônico ela perde a chance de compartilhar as emoções, dizer o que está vendo, sentindo ou fazendo”, diz.
Em relação aos eletrônicos, há uma recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria que diz que até os dois anos de idade não é aconselhado deixar as crianças usarem celulares ou tablets. Depois dessa idade, o ideal é controlar o uso, de uma a duas horas por dia.
Além de estabelecer o tempo, os pais também precisam ficar atentos ao conteúdo acessado, principalmente em canais do YouTube. Isso porque há uma infinidade de canais “infantis”, com conteúdo totalmente inadequado, que usam de violência e outros recursos impróprios para um cérebro em desenvolvimento.
Brincar é um ato de amor!
“Não há como ignorar os estímulos eletrônicos no mundo atual e entendemos que é importante que as crianças participem desse movimento. Porém, não podemos esquecer que todo processo de desenvolvimento depende da estimulação que é apresentada para essa criança e é papel dos pais estimular por meio da brincadeira. Mas, muito além desse papel parental, brincar é uma demonstração de afeto e de carinho”, afirma Dra. Karina.
“Geralmente, as melhores memórias da infância são baseadas nas brincadeiras. Por isso, além de estimular toda a parte de desenvolvimento neurológico, os pais que brincam estimulam também o afeto e a troca de carinho, demonstrando o amor dentro da brincadeira. Crianças podem viver sem brinquedos, mas não sem a presença e o amor dos pais”, finaliza a médica.
Lembre-se: A criança prefere a sua presença e não os seus presentes!