Hoje, no dia 21 de março, é celebrado o dia mundial da síndrome de Down, uma síndrome genética que afeta diversos aspectos da saúde das crianças, inclusive a visão. Segundo o Movimento Down, uma organização que reúne informações sobre a síndrome, 70% das crianças com Down têm algum problema de visão.
A síndrome de Down é causada pela presença de três cromossomos 21 nas células. As pessoas com Down têm, portanto, um cromossomo a mais do que a grande maioria da população. Esse cromossomo extra determina algumas características comuns a pessoas com Down, como olhos oblíquos, nariz ligeiramente achatado e apenas uma linha na palma da mão. Além de características físicas, a presença do cromossomo também significa que há uma tendência maior a desenvolver alguns problemas de saúde, como doenças cardíacas, doenças da tireoide ou problemas de visão.
Dentre os problemas de visão, o estrabismo é o mais comum. Segundo a Organização Movimento Down, cerca de 20% das crianças com Down são estrábicas. “É um problema comum nessas crianças, mas que também pode ser facilmente corrigido com óculos ou ainda com uma cirurgia, dependendo do grau de estrabismo”, explica Dra. Marcela Barreira, oftalmologista pediátrica e especialista em estrabismo.
Desenvolvimento e visão
Problemas de visão, como o estrabismo, podem prejudicar bastante o desenvolvimento. Por isso, é importante corrigir o quanto antes for identificado. “No caso de crianças com síndrome de Down, identificar o estrabismo pode ser mais difícil e exige alguns cuidados. Os pais devem procurar um especialista que já tenha bastante experiência tanto com estrabismo quanto com crianças com Down”, avalia Marcela.
A primeira consulta das crianças com o oftalmologista deve ocorrer aos 3 meses de idade e o acompanhamento deve ser feito ao longo da vida. Em razão do alto índice de problemas de visão, as crianças com Down devem fazer um acompanhamento mais regular, visitando o oftalmologista com uma certa frequência.
Estrabismo precisa ser corrigido
Na maioria dos casos, o estrabismo é causado em razão da hipermetropia, problema que afeta cerca de 40% das crianças com Síndrome de Down, ainda segundo o Movimento Down. A hipermetropia se caracteriza pela dificuldade de enxergar ou focar a visão em objetos próximos. Para compensar essa dificuldade, o olhar se desvia, provocando o estrabismo. A miopia, caracterizada pela dificuldade em enxergar objetos de longe, também é frequente na síndrome de Down, atingindo cerca de 14% das crianças.
Outro problema de visão comum que pode levar ao estrabismo é ambliopia, em que um dos olhos tem uma capacidade de visão mais limitada do que o outro. Esse problema costuma ser tratado com o uso de um tampão para forçar o olho mais preguiçoso a corrigir a diferença. O astigmatismo, que afeta cerca de 30% das crianças com Down, e o nistagmo, que atinge 10% dessas crianças, também são problemas comuns.
Um outro problema prevalente em crianças com a trissomia do 21 é o ceratocone, uma doença degenerativa que atinge a córnea, que se deforma e ganha um formato de cone, daí o nome “ceratocone”. A forma cônica da córnea leva ao astigmatismo irregular, com grande impacto da acuidade visual.