Hoje é celebrado o Dia Mundial da Síndrome de Down, síndrome genética causada pela presença de três cromossomos 21 em todas ou na maior parte das células do corpo humano. Felizmente, com o avanço das pesquisas sobre esta condição, foi possível entender melhor seus impactos e desenvolver estratégias que hoje ajudam as pessoas com a síndrome a terem uma melhor qualidade de vida.
Segundo a neuropediatra, Dra. Karina Weinmann, a trissomia do 21 causa alterações físicas e mentais que levam ao atraso na aquisição dos marcos do desenvolvimento, processo ligado ao amadurecimento do sistema nervoso que permite a aquisição de habilidades como marcha, linguagem, audição, emoções, comportamento, sociabilidade, entre outros.
“A criança com a síndrome de Down irá alcançar os marcos do desenvolvimento. Entretanto, isso vai levar mais tempo e precisa de mais estímulos quando comparamos a uma criança neurotípica. Outro ponto é cada criança irá se desenvolver de uma maneira, pois há variação da intensidade dos sinais e sintomas da síndrome”, comenta a médica.
Como a trissomia do 21 afeta o neurodesenvolvimento
Os bebês com Down apresentam uma tensão menor do que o normal nos músculos, a hipotonia, que afeta toda a musculatura e os ligamentos do corpo. Isso impacta no desenvolvimento motor, uma vez que o bebê irá demorar mais para controlar a cabeça, rolar, sentar, se arrastar, engatinhar, andar e correr. Além disso, irá atrasar a exploração do ambiente, o que é fundamental no processo do neurodesenvolvimento, como também no desenvolvimento da fala.
Além da parte motora, os pais precisam ficar atentos à visão e à audição, pois há uma alta prevalência de condições que afetam esses dois sentidos na síndrome de Down. “Uma criança que não enxerga bem pode não se sentir segura para andar, por exemplo. A audição é importante para as interações sociais, para a aquisição da fala, assim como para o equilíbrio.”, explica Dra. Karina. Por fim, a deficiência mental também está relacionada a uma lentidão um pouco maior de aprendizado e obtenção de conhecimento.
Estimulação precoce é essencial
Com base no conhecimento de como o processo de desenvolvimento é afetado pela síndrome de Down, a intervenção precoce se mostra fundamental e pode fazer toda a diferença na vida de quem nasce com esta condição. Mas, para isso, é imprescindível que comece logo após o nascimento ou antes da criança completar dois anos de idade.
“Do nascimento até os dois anos de idade, o sistema nervoso central está em formação. Por isso, esse é o período ideal para iniciar as terapias. A estimulação precoce contribui para o desenvolvimento de novas conexões cerebrais, que responderão por atividades psicomotoras cada vez mais complexas, de forma gradativa. As diferentes áreas que devem ser estimuladas dizem respeito às funções motoras, sensoriais, à fala e aos aspectos cognitivos”, explica Dra. Karina.
O acompanhamento da síndrome de Down é feito por uma equipe multidisciplinar. Além dos médicos, estarão envolvidos fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, professores e a família.
“Precisamos lembrar que a possibilidade de ampliar e determinar as respostas está diretamente ligada ao meio em que a criança está inserida. Quanto mais recursos forem oferecidos e quanto mais cedo isso acontecer, melhor será para o neurodesenvolvimento. Todas as intervenções devem ser feitas para estimular a autonomia e para mostrar as diferentes possibilidades de descoberta dos potenciais e habilidades ao longo da vida”, reflete Dra. Karina.
Por fim, é fundamental que a família participe ativamente deste processo, assim como haja regularidade nas intervenções e terapias.