Um novo estudo, publicado no Journal of Child Psychology and Psychiatry, confirmou que uma alimentação rica em gordura e açúcar durante a gravidez está associada a um risco maior da criança desenvolver problemas de comportamento e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
De acordo com a neuropediatra, Dra. Karina Weinmann, este novo estudo se concentrou em entender os processos envolvidos no aumento do risco de TDAH, usando a epigenética, ciência que estuda como os fatores ambientais, como a alimentação, podem interferir no funcionamento dos genes, mesmo sem produzir mutações na sequência do DNA.
Como o estudo foi feito
Os pesquisadores avaliaram 164 crianças britânicas; 83 com problemas de conduta persistentes iniciados precocemente e 81 com um nível baixo de problemas de comportamento. A pesquisa analisou como a alimentação da mãe durante a gravidez tinha alterado o gene IGF2, relacionado ao desenvolvimento fetal, especificamente do cérebro e do hipocampo, regiões envolvidas no desenvolvimento do TDAH.
Os resultados mostraram que as dietas ricas em açúcar e gordura, baseadas em alimentos processados e guloseimas, estão relacionadas com maiores modificações do gene IGF2 nos dois grupos estudados. Uma maior metilação do IGF2 se associava a mais sintomas do TDAH entre os 7 e 13 anos, mas somente nas crianças com início precoce de problemas de comportamento, como por exemplo, mentiras e brigas.
“A metilação é um processo químico que ocorre naturalmente e pode inativar um gene quando ele não é necessário para determinada célula. Estudos já demonstraram que o processo de metilação é fortemente influenciado pela alimentação da mãe durante a gravidez”, conta Dra. Karina.
“Portanto, a dica para quem está grávida ou pretende engravidar, é investir em uma alimentação saudável, rica em frutas, verduras, legumes, grãos, carne magra e reduzida em gorduras, açúcares e carboidratos”, conclui a médica.