O desenvolvimento infantil é uma área fascinante. Do momento da concepção até o final da adolescência, a criança passa por inúmeras transformações para se tornar um ser humano completo, do ponto de vista físico e mental. Hoje vamos abordar o desenvolvimento visual dos bebês.
Muitas pessoas não sabem, mas a visão é o último sistema do corpo humano a se desenvolver. Embora os bebês tenham a estrutura biológica da visão completa ao nascer, eles irão aprender a usar os olhos ao longo do tempo, em um processo chamado de maturação visual.
Os olhos são órgãos ligados ao cérebro. A visão é um processo complexo que precisa da integridade física dos olhos e demais estruturas para funcionar. O primeiro ano de vida é um período de extrema importância para o desenvolvimento da visão, assim como para detectar qualquer alteração que possa impactar na visão ao longo da vida.
Como tudo começa
Durante o início da gestação, por volta do 22º dia, surgem dois pequenos pontos que darão origem aos olhos do bebê. Já entre a 9ª a 13 ª semanas, formam-se as pálpebras, íris e retina. A partir da 27ª semana, o bebê abre e fecha os olhos e começa a apresentar sensibilidade à luz, podendo reagir quando a mãe fica exposta ao sol, por exemplo, cobrindo os olhinhos.
Ao nascer, a visão do bebê é borrada e só alcança objetos ou pessoas que estejam distantes de 30 a 40 cm. Ele apenas consegue visualizar a luz e perceber mudanças, como do claro para o escuro. O bebê recém-nascido não consegue usar os dois olhos ao mesmo tempo, por isso é comum que ele pareça estrábico (vesgo) nessa fase. Além disso, ele só consegue perceber as cores em preto e branco.
Você sabia?
O tamanho do olho irá aumentar cerca de três vezes entre o nascimento e a maturidade, mas um terço do crescimento do diâmetro ocular acontece no primeiro ano de vida.
No primeiro mês de vida, o bebê começa a aprender a focar com os dois olhos e passa a perceber a aproximação de pessoas ou de objetos. Outro marco importante é a capacidade de acompanhar o movimento de objetos com os olhos.
A partir do segundo mês, os objetos e pessoas começam a ser percebidos com mais detalhes, como formas e padrões. Nessa fase, o bebê também já percebe as cores principais, como vermelho, amarelo e azul.
Aos quatro meses, inicia-se o desenvolvimento da visão de profundidade (visão binocular), que é útil para ajudar o bebê a perceber se os objetos ou as pessoas estão perto ou longe e, mais tarde, para começar a engatinhar. Aos cinco meses, o bebê já acompanha muito bem o movimento das coisas e consegue reconhecer as cores mais claras.
Dos oitos meses em diante, melhora a acuidade visual, o foco e a visão binocular. Embora a visão de perto ainda seja melhor que a de longe, o bebê já enxerga bem o suficiente para reconhecer pessoas a certa distância. Por isso, é nessa idade que eles podem se aventurar a engatinhar, explorar objetos, móveis e brinquedos.
Mas, embora o bebê tenha uma boa visão ao completar um ano, o processo de maturação visual continua até por volta dos sete anos ou mais. Aos dois anos, por exemplo, se completa a mielinização do nervo óptico, melhoram a acuidade visual e a orientação vertical, entre outras habilidades.
Entre os dois e os cinco anos, a criança começa a desenvolver habilidades de processamento sensorial, ou seja, ela começa a ter a capacidade de analisar as cenas. Entretanto, é só mais tarde que ela terá a capacidade de prever intenções ou objetivos alheios por meio da visão.
No próximo texto, iremos dar dicas de como estimular corretamente a visão da criança. Isso porque a experiência sensorial em relação ao mundo influencia a maneira como o cérebro estabelece as conexões.
Lembre-se: As experiências visuais no primeiro ano de vida são fundamentais para o desenvolvimento correto da visão do bebê.
Confira nesse gif o desenvolvimento visual dos bebês: