A “Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla” é celebrada entre os dias 21 e 28 de agosto. É um período particularmente importante para conscientizar a população em geral sobre a relevância da inclusão social de crianças e adolescentes com alguma deficiência, assim como para sensibilizar a sociedade sobre os direitos fundamentais dessas pessoas.
Por isso, aqui vão 8 fatos importantes que todo mundo precisa conhecer sobre a deficiência intelectual.
1- Nem tudo que parece é Deficiência Intelectual (DI):
Só se caracteriza DI uma situação estável de uma insuficiência ou inadequação intelectual que se origina durante o período do desenvolvimento e que impede um ajustamento social independente. Alguns pacientes recebem o diagnóstico de DI por apresentarem habilidades intelectuais e adaptativas defasadas para sua faixa etária, secundariamente à outra doença de base. Porém, quando essa doença é tratada, esse paciente pode aflorar todo seu potencial cognitivo e adaptativo, saindo da condição de deficiência intelectual.
2-Deficiência Intelectual e Retardo Mental tem o mesmo significado:
Porém, não se usa mais o termo “retardo mental”. A nomenclatura foi alterada para Deficiência Intelectual pela Associação Americana de Deficiência Intelectual do Desenvolvimento, em 2012, por ser considerada menos ofensiva e por demonstrar mais respeito e dignidade à pessoa com deficiência intelectual.
3- DI não é uma doença:
A deficiência intelectual é considerada uma síndrome comportamental, caracterizada por prejuízos da função intelectual e das habilidades adaptativas, consequente a uma lesão ocorrida no sistema nervoso central, durante o desenvolvimento desde o período gestacional até os 18 anos.
4- Há possibilidade de quantificar o grau da DI:
A partir dos seis anos, é possível realizar uma avaliação neuropsicológica, incluindo testes padronizados capazes de, muitas vezes, quantificar o QI (Quociente de Inteligência) e determinar o comprometimento de suas habilidades adaptativas. O neuropediatra faz uma avaliação clínica criteriosa, fechando o diagnóstico interdisciplinar.
5- Nem sempre é possível determinar a causa da DI:
Algumas causas de deficiência intelectual são conhecidas, mas pelo menos 30% dos pacientes investigados não têm sua causa definida. É importante que o neuropediatra investigue os antecedentes pré-natais (da concepção até o trabalho de parto), perinatais (do trabalho de parto até 29o dia de vida) ou pós-natais (do 30o dia de vida até a adolescência). Seguem alguns exemplos:
Causas pré-natais: uso de drogas, álcool, determinados medicamentos, diabetes gestacional, infecções congênitas, alterações cromossômicas e genéticas.
Causas perinatais: intercorrências no nascimento, como falta de oxigênio, prematuridade e icterícia grave.
Causas pós-natais: desnutrição ou desidratação grave, traumas encefálicos e infecções.
6- Muito além da Síndrome de Down:
Muitas pessoas associam a deficiência intelectual à síndrome de Down, uma alteração cromossômica que ocorre no momento da concepção. Porém, várias outras síndromes genéticas podem causar deficiência intelectual, como a síndrome do X-Frágil, Williams, Angelman, Prader Willi, entre outras.
7- É importante ter o diagnóstico precoce e a terapêutica adequada:
Ao definir o grau de comprometimento cognitivo (leve, moderado ou grave) e a provável causa, é possível fazer uma estimativa de ganhos, explorando ao máximo o potencial cognitivo de cada paciente, estabelecendo a terapêutica com equipe interdisciplinar e apoio pedagógico personalizado. Graças à neuroplasticidade, muitas vezes é possível mudar a condição de DI de moderada para leve, por exemplo. Portanto, nota-se que a estimulação precoce gera incríveis possibilidades para o desenvolvimento infantil.
A pessoa com Deficiência Intelectual deve receber acompanhamento médico e estímulos de uma equipe interdisciplinar composta por neuropediatras, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e pedagogos. O apoio escolar é de fundamental importância na maioria dos casos. Hoje sabemos que as pessoas com DI leve são educáveis, com DI Moderada são treináveis e com DI Severa continuam dependentes.
8- A inclusão social é fundamental para o bom desenvolvimento da pessoa com DI:
Para existir a inclusão social é necessário dar condição à pessoa com DI de levar uma vida mais próxima do normal, respeitando suas limitações, explorando os seus potenciais e suas habilidades, para que na idade adulta alguns possam buscar uma colocação na sociedade e até no mercado de trabalho, ao adquirir certa independência nas atividades cotidianas. Incluir é proporcionar qualidade de vida à pessoa com DI, pois isso permite o acesso a todos os recursos da comunidade, que favorecerão o seu desenvolvimento global, reforçarão a sua autonomia e ajudarão a construir a sua cidadania.
Lembre-se: O futuro se faz com a conscientização, aceitação e respeito das diferenças.