A toxina botulínica tem várias aplicações hoje. Porém, seu primeiro uso foi no estrabismo. O objetivo é enfraquecer a musculatura, algo semelhante ao que é feito na cirurgia para corrigir estrabismos.
Segundo Dra. Marcela Barreira, Oftalmopediatra e Especialista em Estrabismo, não é qualquer tipo de estrabismo que pode ser corrigido com o uso da toxina botulínica. “A principal razão para isso é que o resultado não é tão eficaz em alguns casos. Isso porque podem acontecer algumas situações, como a necessidade de nova aplicação ou até mesmo a falta de resposta do paciente. Com isso, a cirurgia é a única maneira de corrigir o estrabismo para esses pacientes que não respondem ao tratamento”, explica a médica.
Hoje em dia, o principal uso da toxina botulínica é no estrabismo paralitico, ou seja, naquele desvio adquirido por uma paralisia do músculo, principalmente músculo o reto lateral. “Temos um músculo reto lateral sem força e seu músculo antagonista, o reto medial muito forte, estando essas forças em desequilíbrio. Aplica-se a toxina no músculo reto medial para gerar uma paralisia temporária e conseguirmos restabelecer o novo equilíbrio das forças”, diz Dra. Marcela.
Ela conta ainda que outros estrabismos também podem se beneficiar desse uso, como os estrabismos convergentes (olho para dentro) de pequeno até médio ângulo.
A toxina botulínica pode ser usada em todos os tipos de estrabismo?
De acordo com a médica, pode. Mas, os estudos feitos demonstram uma resposta muito menos satisfatória em relação ao alinhamento dos olhos quando a toxina é aplicada em estrabismos de grande ângulo. “Esses casos, normalmente, exigem mais aplicações para tentar se obter um bom resultado. E quando estamos falando de uma criança, múltiplas aplicações requerem múltiplas anestesias gerais e ainda assim não é possível garantir que a criança não precisará de cirurgia depois dessas aplicações”, afirma Dra. Marcela.
É por esse motivo que em estrabismos convergentes, de médio e grande ângulo, a cirurgia é a primeira escolha, pois o resultado é mais confiável e seguro. Em desvios pequenos, por outro lado, sua utilização é extremamente bem difundida e os resultados são excelentes, tanto para crianças quanto para adultos. Em desvios verticais pequenos sua utilização também tem bons resultados.
Nos desvios divergentes (olhinho para fora) a utilização da toxina botulínica é bem menos frequente, porque o efeito no músculo reto lateral (músculo que puxa o olhinho para fora) é muito ruim (não se sabe o motivo dessa pior resposta nesses músculos). Portanto, nesses casos, a melhor opção ainda é a cirurgia.
Cada caso de estrabismo deve ser avaliado individualmente para determinar qual é o melhor tratamento, sendo o médico especialista em Estrabismo o profissional melhor preparado e capacitado para realizar o diagnóstico e o tratamento desta condição.
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